"Ando meio desamparada, sem graça, sem ânimo, sem vontade. Olho para essas crianças sentadas em suas calçadas com olhos fissurados e dedos ágeis em um celular, tablet ou algo assim .. sorrindo? Será mesmo que vêem felicidade nisso? Onde elas esconderam suas vidas?
Lembro-me de quando eu era criança e essas porcarias tecnológicas não existiam, que saudade .. A gente fechava uma rua, e brincávamos de todas as brincadeiras existentes , até alguém arrancar o famoso chaboco do dedo .. kkkkkk' A gente corria, pulava, se escondia, caia, subia, gritava, rodava, rastejava, cantava ... ah que saudade.
Como eu queria viver aquela vida de novo, éramos tão felizes com tão pouco, e aquele pouco bastava .. Como eu queria aquele balanço vermelho e arrastar os pés na areia enquanto balança tão alto que eu acreditava que poderia ver o outro lado do mundo; como eu queria fazer as maiores e mais brilhantes bolhas de sabão outra vez; como eu queria correr de pés descalços naquela chuva gelada e gostosa ou sair apostando corrida com as nuvens mesmo sabendo que elas sempre iriam ganhar .... Ah, como eu queria olhar para essas crianças e vê-las sorrindo com alma e gargalhar até a barriga doer por causa de um gesto bobo, uma palhaçada, ou até mesmo sem ter motivo algum... Ou apenas sorrir como se nada mais importasse ... Como se apenas isso bastasse ...
como eu queria ( ... )"
por Crislânia Araújo
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